Pr. Pedro R. Artigas

Igreja Metodista

Há alguns dias atrás estive na fazenda de amigos, que já estavam colhendo um quadro de milho, e em outro preparando a terra para o descanso até o plantio da safra de verão com a soja. Apesar da seca que estava reinando e a perda por consequência, eles disseram que Deus havia lhes premiado com uma colheita muito boa, e me mostraram algumas espigas de milho daquele quadro da colheita.

Ao olhar aquelas espigas lembrei-me de duas palavras interessantes que estão na Bíblia, a primeira está no Evangelho de João capítulo 12, versículo 24 e diz: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”. É interessante essa palavra de Jesus quando ele coloca um fato natural para quem está habituado com as lides da agricultura, ali todos sabem que para a semente frutificar ela precisa primeiro morrer debaixo da terra, acompanhado pela chuva e pelo calor que fará com que a semente mostre todo seu vigor e brote. Dessa maneira quando vi aquelaespiga cheia de grãos de milho lembrei-me desse fato, aquele único grão que caiu em solo veio a produzir uma espiga com mais de 500 novos grãos de milho. Ora Jesus quando fala a esse respeito ele diz uma coisa importante, o grão para produzir precisa primeiro morrer, para que de dentro dele nasça a futura vida. 

Pensemos nesse aspecto, é necessário morrer para produzir, esse mesmo processo precisa acontecer conosco, quando nos achegamos a Jesus é necessário que também morramos para as ações do mundo, para nossa antiga vida, e aí nasçamos para a integridade de vida proposta por Ele, desse nascimento faremos brotar muitas novas vidas oriundas do nosso novo testemunho.

Agora vejamos um segundo aspecto também na palavra de Jesus e que está no Evangelho de Marcos capítulo 4, versículos 26 a 29: “E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra.E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como.Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga.E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa”. Numa primeira observação podemos afirmar que se trata do mesmo texto, com o mesmo sentido, mas ao olharmos com mais cuidado veremos que para que a semente venha a produzir é necessário um tempo que não podemos calcular em horas, mas em dias ou meses.

Então em um primeiro momento a semente do Evangelho precisa nascer dentro de nós, é necessário que nosso coração e mente estejam preparados para receber essa preciosidade. Após a brotação, vem primeiro todas as perguntas e dúvidas. Depois nossa rendição a um estado de vida, onde passamos a acreditar que realmente Deus pode fazer coisas maravilhosas em nosso ser. Como a espiga de milho que ao nascer é pequena, cresce um pouco, solta o cabelo que vai receber o polém de outra planta e cada cabelo formará um grão, assim também vamos formando dentro de nós a nova vida que por fim irá mostrar toda beleza de Deus ao mundo, com a nossa transformação.

Mas, se ao recebermos a Palavra não morrermos e continuarmos vivos, nada desse processo acontecerá, não haverá nova vida, continuaremos a ser o que sempre fomos, maus, arrogantes, pretenciosos, blasfemos, mesmo que estejamos todos os domingos no culto ao Senhor ou na missa. Entraremos e sairemos da mesma maneira, nada de novo produziremos, porque não morremos para o mundo, como nos ensina o Apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos capitulo 6, versículo 11: “Assim também vós, considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor”. Pois se morremos para o mundo de pecados, que nos consome, apesar da aparência de beleza, vivemos e passamos a produzir novas vidas, pois temos dentro de nós a vida que regenera e transforma. Pense nisso e veja a necessidade de morrer para o que o mundo nos oferece, mas nos suga de toda vitalidade, e venhamos para a maravilhosa Luz e paz que somente em Cristo podemos ter. Shalon.